sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Eu, hoje, vou pro lado de lá.

Acordo como inúmeras outras vezes. E você estava ali, do lado.
Tão palpável como de costume. Tão meu, tão nosso, tão... Diferente.
È! As coisas mudaram. Simplesmente mudaram. Eu poderia até mesmo acrescentar um “naturalmente mudaram” se os meus sentidos não acusassem um estranhamento súbito.
Você não está análogo aos longos anos que nos encontramos nesta conjuntura.
Seu rosto, bem mais que isso, o seu semblante já não é igual.
Aperto os olhos na tentativa falha de enxergar melhor.
Quis ver além do que está ali, escancarado, hiante, exposto.
Não é você.
Os traços, a pele, a áurea... Não adianta, não é mais você.
Mas quem será? E quando ele se levantar? Eu vou gostar da mesma forma que eu gostei de você? Eu vou querê-lo à maneira nossa de querer? Como vai ser?
Paro e analiso um pouco mais... O lugar, os móveis, os quadros, os pedaçinhos de histórias pelo chão, o cheiro de verdade em cada canto.
Levanto, pego as poucas coisas -espalhadas pelo chão- que me são de direito, apesar de saber que a maior parte de mim vai ficar aqui, agonizando até o dia do descanso eterno.
Antes de sair, pondero o todo, novamente.
E constato: Você continua o mesmo, quem mudou fui eu.
Destarte, Adeus.