Ah, como eu queria poder abraçá-la, sentir seu perfume mais uma vez e dizer em pueris palavras o quão eu sinto a falta dela em meus ermos dias.
Não há nada que eu mais deseje neste momento do que senti-la minha novamente, ao menos pra que eu possa falar tudo o que eu sempre aspirei e não tive tempo - ou talvez tenha usado o tempo como forma de dissimular minha covardia.
Em poucos segundos nossos caminhos se cruzaram como antes, olhei-a no fundo de seus olhos e neste ínfimo tempo fui capaz de questionar-me quanto à pretensão de Deus em botar tanto azul naquele olhar e o quão intensamente aquele azul me arrebatara durante todo esse tempo.
Quis beijá-la, abraçá-la, expor minha consternação, falar sobre o quanto padeci face ao fim de nós, mas não logrei êxito algum. Por este pouco tempo havia esquecido que ela era como o vento - efêmero e transitório - incapaz de garantir estabilidade a quem quer que seja. Eis que então meu coração acautelou-se e as lágrimas que em vão derramei invadiram nostalgicamente minha memória, limitando meu ignóbil desejo a um elementar: “Olá!"
Desde então aprendi que os ventos que às vezes tiram algo que amamos, são os mesmos que trazem algo que aprendemos a amar. E hoje estimo verdadeiramente que o vento te carregue para longe do meu querer... creio que somente neste dia ele se findará.
"E se já não sinto teus sinais
Pode ser da vida acostumar."