sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Lágrimas de diamante.

Sempre fui dos extremos. Das dores mais doídas, dos amores mais intensos - por vezes mais duvidosos  - e das alegrias mais profundas. E hoje a calma e a monotonia me são tão interessante. Acredito com veemência que há um momento da vida em que a euforia dá lugar à, não menos excitante, face da solidez. Esse momento chegou pra mim. Só não me compete, e não me convém, saber até quando isso vai durar. Afinal, eu sempre fui dos extremos... e da inconstância.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Inútil dormir que a dor não passa.

Você volta, eu escrevo. É um mecanismo automático - nunca falha. Não porque em você haja algum tipo de inspiração sobrenatural que me faça voltar aqui todas as vezes e discorrer sobre o quão difícil têm sido os meus dias - ou pelo menos não primordialmente por isso - mas talvez seja meu enorme anseio de expor o que eu sinto sempre se aproxima. É como se você estivesse imune a todo o meu desespero, pra enfim matar o que resta do que agoniza em mim. É ainda como simplesmente desprezasses todas as pás de terra que tenho me esforçado em jogar no seu túmulo no vão desejo de que você se mantenha debaixo da terra, ainda que vivo. Eis que trato de, pessoalmente, jogar no lixo meu árduo trabalho pra ser indiferente, não pensar, não lembrar e - o mais difícil de todos - não querer nenhum daqueles momentos de volta. Você reaparece e traz consigo esse despertar. Mas é meu dever não fraquejar. Sofro calada e escrevo na esperança de que as palavras que aqui deixo, fiquem com um simulacro que seja desse sentimento tão enorme e devastador que trago de mim. Assim, a cada texto uma lágrima a menos, uma dor mais amena, um sofrimento mais contido. Em vão.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Avança sem ponderar.

No mínimo repente, a sala encheu-se de luz. A porta, que ora fazia um barulho ensurdecedor, calou-se. Parecia que o tempo prendia a respiração unicamente pra vê-la adentrar aquele lugar. E ela entrou. Andava como quem dança. Queria encantar, chamar a atenção, seduzir. E seduziu. Mexeu os cabelos luxuriosamente, fitou-me como se não me conhecesse. E procurou tornar irrelevante o fato de eu estar alí exclusivamente para desfrutar de sua presença. Aproximou-se a ponto de eu sentir o seu cheiro queimar minhas narinas. Cruzou seu olhar com o meu por um simulacro de segundo que a mim pareceu a eternidade. Aproveitei. Não sabia quando teria aquela oportunidade novamente. Então esbafori sobre o quanto ela foi vil e indigna por ter me deixado todo aquele tempo esperando. Disse tudo. Calado. Naquele simples olhar. E ela entendeu. Mas é um artista a moça dos cabelos de ouro. E, como tal, é mestra na arte de dissimular. Dissimulou todo aquele sentimento agonizante que ficou no curto espaço que havia entre nós. Caminhou. Passou por mim. Ignorou-me. De novo.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

As it used to be

Venha a mim, você sabe tão bem onde me encontrar. Eu continuo no mesmo lugar, com os mesmos grandes sonhos nessa mochila tão pequena. Eu continuo onde você um dia me encontrou, provando dos mesmos gostos, sentando nos mesmos lugares, andando pelas mesmas ruas e tendo os mesmos hábitos. Tudo isso como forma de materializar pelo menos um pouco que seja de você. Venha a mim, conte-me o quão maravilhoso é o mundo lá fora e tudo que você experimentou. Mostre-me que você ainda possui o lindo olhar pelo qual me encantei e me mantenho no igual encanto desde então. Discorra sobre seus novos anseios, suas dúvidas ou quem sabe sobre as respostas que você encontrou durante todo esse tempo. Venha a mim, sorria da maneira vil e contagiante, olhe-me com todo o desejo e hostilidade de sempre. Você que de mim possui tanto. Você que de mim possui tudo. Venha a mim ainda que por pouco tempo. Devolva aos meus olhos o brilho que eles apresentam quando te vêem. Devolva ao meu coração um balanço ritmado e ofegante. Devolva a paz que eu encontro no teu abraço. Devolva a minha vida que você levou na bagagem no dia que partiu. Venha a mim, volte.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sem mais, eu fico onde estou.


Lamento pelos meus olhos que não te enxergam como antes e pelos meus ouvidos que não respondem mais instintivamente à tua voz. Lamento pela excitação que a tua presença não mais me causa. Lamento pela tua infeliz pretensão de tudo ter ficado exatamente no mesmo lugar que deixaste, mesmo depois de tanto tempo. Lamento por tudo que não tivemos a oportunidade de viver. Lamento ainda pelos eternos dias que ficaram entre nós. Contudo, temo dizer, que lamento principalmente pelo que de fato vivemos. Mas é assim que a vida faz. Isso é o que esperam de nós, mas acima de tudo é isso o que eu espero de mim. E se amanhã - quando novamente tu me faltares - o arrependimento for o meu maior tormento, que eu esteja lúcida o suficiente pra recordar que nos dias em que tu estiveste aqui, a lástima era minha única companhia.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Doces deletérios.

Permeia com teu sorriso tantos outros penares que resta à minha ânsia, acalmar-se e às minhas palavras, calar-se (...)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Então é assim que a vida faz?

O brilho que ofusca minha lucidez já não vem dos teus olhos. Já não procuro reconhecer os teus traços em meio à faces que desconheço. Já não é o teu sorriso que faz o meu coração saltar. Já não é você. Não depois de todo esse tempo. Ainda assim, não faltaram olhos brilhantes, traços perfeitos e sorrisos inconfundíveis. Eis então o curso natural das coisas, que tanto penei para entender: As cenas são as mesmas, o que mudam são os personagens. A lástima não era por você, era somente pelo papel que você exercia.

terça-feira, 13 de julho de 2010

E com respeito trate a minha dor.

Chorei, senti raiva e estive magoada. Eu que desde cedo aprendi a reagir com frigidez a tudo aquilo que não me convinha. Eu que sempre me mantive indiferente, e quando muito, nutri uma superficial ojeriza por calúnias vãs, que não surtiam nenhum efeito sobre mim. Tive tantas vezes pena. Pena da brutalidade gasta sem necessidade, que ia sempre de encontro á minha alienação tão bem trabalhada e sólida. Eu realmente não me importava. Mas hoje eu chorei, senti raiva e estive magoada. Assim dessa maneira explícita e vergonhosa. Tive meu motivo e ainda o preservo. Sábio aquele que disse: O tapa sempre dói mais quando vem perto. E ainda assim, apesar da dor profunda e da ferida aberta, eu ofereço minha outra face. E peço-te para que não confies na minha santidade, e mantenha o seu rosto longe das minhas mãos. Porque apesar de suave, o tapa foi dado de perto. E isso eu jamais esquecerei.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O inferno são outros.

Olho em volta e tudo que vejo são estouros. Mudanças. Evoluções. Extrapolações do ser. Mantenho-me quieta, aos fundos. Uma telespectadora passiva a tudo e a todos. Assisto de camarote à metamorfose constante deste estado. Mas não, hoje não mudarei a minha essência. Quero continuar sendo o que sou. Mesmo que esta não seja minha função, a priori. Resolvi tirar férias de mim. E de fato não me importo com o quão inútil eu serei após minha decisão. Por hoje não. E nem adianta tentar. Trocar o óleo. Ou quem sabe uma nova combustão. Neste momento eu quero estar onde estou e ser o que tenho sido. Assim, desse modo cru. E não há fogo que me esquente, nem sequer influências que me excitem. Não tente me convencer a ser pipoca, porque hoje tudo o que eu mais desejo é me manter um piruá.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O que mais pode ser?

Isto aqui está às moscas. Não tenho produzido. Não tenho sofrido. E vale ressaltar a relação de interdependência entre as afirmações. Sim, acredito com veemência que o sofrimento é o sal da arte. Digo isso empiricamente, pois os melhores textos, já lidos por mim, advém daqueles que tentam transformar a dor em palavras. Uma tarefa árdua e ao mesmo tempo imbuída de prazer - e esta é mais uma afirmação empírica; Daí começam os paradoxos, que talvez nem sejam tão contrários assim, visto que o sofrimento está implícito etimologicamente no conceito de paixão. Amor é outra coisa. Assim sendo, eis um texto insípido. Não sofro, não agora e nem por isso. Estas palavras são apenas pensamentos soltos que resolvi ordenar, e não lágrimas. Portanto, falta sal. Há alguns dias cheguei à conclusão de que o amor e a arte são escolhas excludentes. Eu escolhi amar... Pelo menos por hoje.