sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Ninguém me viu chorar, mas tá doendo.

Depois de tantos anos e tantas ausências, eu pensei que o comodismo já me era um amigo. Pensei que passado uns dias, umas poucas semanas talvez, lembrar eu já nem ia. Eu que sempre fui tão segura de mim e dos meus sentimentos, provei do gosto amargo da saudade desde muito cedo. Recordo-me tão pequena, com tão poucos anseios, já tendo que levantar a mão em sinal de adeus para uma das pessoas que mais amo, e esperar pelas próximas férias, que dentro de mim eu bem sabia que iam demorar mais tempo do que eu realmente podia suportar. Lembro-me tão perfeitamente das minhas lágrimas doídas, do abraço sofrido, da minha voz embargada, das minhas palavras desordenadas e sem muito sentido. Mas a força já estava em mim, então eu enxugava os olhos, pegava minhas coisinhas e dizia: "Tchau, painho! Quando eu chegar lá, te ligo. Te amo!" E assim eu o fazia, seguia caminho com o coração na mão e os pés no chão. Chegava, ligava e a saudade apertava. Mas eu sempre acabava tornando rotina. E agora não mais que diferente, a saudade, esse sentimento sorrateiro e inescrupuloso, me bateu a porta. E eu mais que rapidamente abri. O que eu não contava era com a minha falta de preparo mental e emocional. E hoje eu já não sei como agir, o que antes era tão comum, agora criou formas surreais. Uma saudade dolorida, apertada, vaga e vazia. Saudade de um tempo, de um momento, de algumas pessoas, de algumas coisas. Uma saudade que eu não sei o porquê de existir, que eu não reconheço a raiz, e não alcanço as ramificações. Uma saudade...E que saudade!